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| O SINTAGMA PREPOSICIONAL NO PORTUGUÊS BRASILEIRO: SUBSÍDIOS PARA A HIPÓTESE DO CONTINUUM AFRO-BRASILEIRO DO PORTUGUÊS | Autores: Shirley Cristina Guedes dos Santos (SEC-BA - Secretaria da Educação do Estado da Bahia) |
Resumo: Diferenças entre propriedades morfossintáticas do português brasileiro (PB) com relação ao português europeu (PE) têm levado estudiosos a postularem a emergência de duas gramáticas distintas no curso dos séculos. Diante do advento da gramática do PB e das questões sobre a origem das mudanças que favoreceram o distanciamento dessa língua frente ao PE, este trabalho apresenta resultados de um projeto orientado pela professora Charlotte Galves, no âmbito da pós-graduação em Linguística/Unicamp, em que se buscou analisar a natureza da variação no sintagma preposicional do PB, tanto no que tange ao contexto de complementação de verbos de movimento, quanto em construções dativas. Soma-se a esses fenômenos investigados a possibilidade de construções dativas sem a preposição e de redobro de clíticos no PB. A análise proposta se desenvolveu com base na Teoria de Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981 e posteriores), a partir de dados de seis acervos de correspondências pessoais escritas por baianos, nascidos entre os séculos XVIII e XX, extraídos do CE-DOHS/Corpus Tycho Brahe. Como resultado, os dados têm apontado para uma variação que não se distribui da mesma maneira no corpus, mas é motivada pelo grau de instrução do remetente, delineando um quadro que se estabelece desde a gramática de escreventes mais escolarizados que apresentam padrões que remetem (de maneira inovadora) ao PE, até a gramática de remetentes que possuem pouca ou nenhuma instrução escolar formal, cuja escrita apresenta estruturas peculiares que se assemelham a propriedades das gramáticas do português africano (Moçambique e Angola), trazendo à cena questionamentos sobre como e até que ponto o contato com propriedades gramaticais de línguas banto pode ter influenciado na constituição do PB em períodos remotos, contribuindo com a hipótese do continuum afro-brasileiro do português (PETTER, 2006, 2007).
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