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| O ESCRAVO E A LÍNGUA PORTUGUESA EM CHARGES DO SÉCULO XIX | Autores: Shirley Cristina Guedes dos Santos (SEC-BA - Secretaria da Educação do Estado da Bahia) |
Resumo: Neste trabalho, são apresentados resultados de uma análise sobre um conjunto de imagens veiculadas pelo jornal carioca Semana Ilustrada (1860-1875), o qual, a partir do gênero charge, convida os leitores a analisar a realidade social da época. As charges asseguram efeitos de sentido resultantes de relações estabelecidas entre o sujeito e a formação discursiva na qual se encontra ideologicamente marcado. O jornal analisado, além de imprimir um certo teor de sarcasmo e jocosidade nos temas tratados, apresenta dois personagens que se tornam familiares aos leitores: o Moleque e o Dr. Semana. No cenário urbano da corte, o jovem Moleque, escravo alfabetizado, discute temas complexos, como política e arte e mantém, de maneira não tão divulgada em outros meios de comunicação que retratam essa época, contato com a língua escrita (produção e leitura). O retrato do escravo em contato com o mundo letrado, culto, nas imagens analisadas, chama a atenção, uma vez que, dados da literatura, com base no recenseamento geral de 1872, apontam para um índice de analfabetismo entre os escravos de 99,9%. Nesse sentido, analisa-se o corpus de charges da Semana Ilustrada, nomeadamente a imagem do Moleque, contrapondo-o a discursos então veiculados pela literatura sobre o acesso e o contato dos escravos africanos com a língua portuguesa na história social do PB, considerando as diversas atividades que eram obrigados a exercer na sociedade da época e os possíveis impactos na constituição da variedade brasileira do português.
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