Vivendo em uma sociedade de controle, o sujeito contemporâneo tem suas práticas cotidianas e seus dizeres controlados, selecionados, organizados por “procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos”, como nos ensina Michel Foucault em A Ordem do Discurso. Entretanto, em alguns momentos da História, como nas manifestações de rua de 2018, dezenas de mulheres saíram às ruas para mostrar sua insatisfação face ao poder governamental através de cartazes, que materializavam, por meio de seus dizeres, um movimento de resistência social. Este trabalho objetiva analisar esse movimento a fim de averiguar os mecanismos e estratégias que regem as relações de saber-poder que os constituem. Como embasamento teórico, utilizaremos a Análise do Discurso de vertente foucaultiana para pensar as relações entre os discursos, os sujeitos, a História e os poderes. A metodologia é de cunho qualitativo-interpretativo pois se pauta na interpretação de fenômenos sociais. Nosso corpus é composto por alguns cartazes de manifestações de rua protagonizados por mulheres, cujas análises serão amparadas pelas noções de sujeito, discurso, enunciado, biopoder, biopolítica, governamentalidade, dentre outras. Quanto aos resultados, verificamos, com a análise do corpus, que os discursos materializados nos cartazes das mulheres que integram os movimentos sociais de rua são modos de resistência que constroem subjetividades e as tornam agentes da História.