Desde a década de 60, os sociolinguistas vêm conquistando espaço no meio acadêmico devido às pesquisas que consideram não somente a linguagem culta, mas, sobretudo, a coloquial, partindo da premissa de que todo falante, ao iniciar a vida escolar, já domina a estrutura de sua língua. Sendo assim, a tarefa da escola deveria ser a de proporcionar ao aluno a autonomia de pensar sobre a língua, bem como habilitá-lo a compreender as características heterogêneas do seu vernáculo, quebrando paradigmas geradores de preconceito linguístico e discriminações socioculturais. Diante desse cenário, este estudo busca refletir sobre a norma culta e a realidade linguística do país, visando, igualmente, demonstrar a relevância dos estudos da Sociolinguística Educacional com o propósito de diminuir a discriminação e o preconceito linguístico tão arraigados pela visão tradicionalista e normativista da língua. Para tanto, partimos da análise de textos, produzidos por alunos de uma escola de periferia, matriculados no sexto ano do Ensino Fundamental II, levando em consideração o contexto social desses alunos e analisando as suas dificuldades de escrita à luz dos conceitos sobre os traços graduais e os traços descontínuos (BORTONI-RICARDO, 2005). Dentre as conclusões, verificamos que os alunos podem ser classificados como rurbanos, pois seus textos apresentam marcas de oralidade próximas às características da área rural e, ao mesmo tempo, vestígios de urbanização, como gírias e certo grau de alfabetização e letramento. Com base nesse resultado, foi possível suscitar uma reflexão acerca da valoração positiva atribuída à norma culta em detrimento das demais (FARACO, 2008).