O ensino da escrita voltado para provas de redação, especialmente no Ensino Médio, não é fenômeno recente na escola Brasileira. Com base em Razzini (2000), a realização dessas provas em exames para acesso ao ensino superior – o Enem é um deles – data dos anos finais do Império, adentra a República e se mantém até hoje. Dada a importância do Enem, principalmente a partir de 2010, quando passa a ser utilizado como mecanismo único, alternativo ou complementar aos exames de acesso à Educação Superior, pesquisadores têm se dedicado ao estudo da prova de redação. É nesse contexto que se insere a pesquisa “O ensino da produção textual no ensino médio”, cujo objetivo é investigar o que dizem as redações do ENEM sobre ensino da escrita no Ensino Médio, tomando como ponto de observação as variáveis que interferem nesse processo, e da qual este trabalho faz parte.  Considerando que uma dessas variáveis diz respeito à atividade pedagógica, de responsabilidade das instituições de ensino, objetiva-se, nesta comunicação, analisar a relação entre o que se diz sobre ensino da escrita no planejamento dos professores de Língua Portuguesa de quatro escolas da rede pública de ensino da região de Florianópolis e o que se expressa nos documentos oficiais – normativos e orientadores – relativos à prova de redação do Enem e ao ensino de língua. Trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica para a qual se assume a perspectiva sócio-histórica, como orientação teórico-metodológica, em especial as contribuições da teoria do dialogismo, particularmente do Círculo de Bakhtin (1990, 2003, 2005), para compreensão de sentidos e significados nem sempre explícitos nos discursos em análise. Os resultados preliminares indicam que as propostas metodológicas para o ensino da escrita podem contribuir para resultados distintos na prova do Enem dos alunos nas escolas campo da pesquisa empírica.