O trabalho é um recorte de Tese de Doutorado que propõe cartografar práticas de invenção (escrita e produção poética) postas em ação por sujeitos em uma comunidade de escritores, grupo que atua de maneira não formal com produção de poemas. Propõe-se discutir o poder da escrita em interlocução com o grupo, que atua no litoral sul paulista, com o objetivo de fazer pensar sobre questões sociais, políticas e cotidianas. O grupo, denominado Sarau das Ostras, constitui-se por cinco integrantes escritores de poemas e tem como inspiração a ostra, elemento comum no litoral, que diante dos obstáculos, resiste e produz a pérola, assim como o grupo que, frente aos desafios da vida cotidiana, produz poesia. A pesquisa intenciona trazer à discussão o papel e o lugar da escrita poética e o modo como dela o grupo se utiliza, reverberando em processos e travessias de formação. Tem como procedimentos metodológicos a cartografia, proposta por Rolnik e o paradigma indiciário (Ginzburg). Dentre o referencial teórico utilizado, estão os estudos da linguagem, com Rancière, Foucault e Bakhtin, além de Deleuze e Guattari, com a abordagem que realizam sobre a literatura menor/escrita marginal. Neste trabalho, o foco de atenção será o compartilhar de poemas enquanto atividade formativa, a partir dos processos de produção dos textos e da promoção de eventos – Roda Literária e Sarau dos Pensadores, que acontecem em espaços de bibliotecas e locais públicos do município de Praia Grande / SP. Das margens das páginas escritas, oriundas das bordas que ladeiam cidades, às fronteiras de um pensamento que se revela fértil, concretiza-se um movimento-fluxo das palavras em composições poéticas singulares. Devaneios daí advindos fazem (trans)bordar as margens do que produzem tais páginas escritas, gerando processos de compartilhar fluxos de pensamento, compondo com eles processos de formação em devir.