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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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A ALTERIDADE E SUAS REPRESENTAÇÕES NAS LITERATURAS INDIGENISTAS BRASILEIRAS

Autores:
Raíssa Camargo Vilhena Pereira (IFG - Instituto Federal de Goiás - Campus Goiânia)

Resumo:
A partir de uma perspectiva discursiva, este trabalho tem por objetivo fazer uma abordagem histórica acerca da representação indígena e o fator de alteridade dentro da literatura brasileira. A Carta a El- Rei Dom Manuel, escrita por Pero Vaz de Caminha em 1500, não foi considerada uma literatura brasileira por ter sido escrita por um europeu, porém foi o primeiro registro que tentou representar a cultura indígena. A partir dessa carta a prática de rotular e objetivar a cultura dos povos indígenas a partir do olhar branco-europeu se tornou recorrente, inclusive como instrumento para estabelecer relações de poder entre povos. No Romantismo, surgiram as literaturas nacionalistas/indianistas, com o objetivo de valorizar a literatura nacional. Os indígenas representados nessas literaturas eram descritos como heróis, porém suas características eram europeizadas e ficcionais. Entre as obras desse período podemos destacar Iracema (1865), O Guarani (1857), Ubirajara (1874), Juca-Pirama (1851), dentre outras. Ao longo da história podemos perceber que os povos indígenas foram silenciados em diferentes contextos, porém, já temos atualmente alguns escritores indígenas que escrevem do lugar da resistência para a existência, sendo um deles o escritor Daniel Munduruku, que escreve para o público infanto-juvenil, fazendo a transposição da cultura oral para a escrita, ou seja, ele parte do pressuposto da leitura de vida para a literatura de vida. A partir da representação da cultura indígena sob o olhar dos povos indígenas, pretendemos analisar discursivamente como o fator alteridade é materialmente construído nessas obras, entendendo que há uma interação de saberes ao apresentar essa literatura para crianças não nativas. Entendemos que a literatura tem uma função social de desautomatizar o olhar, organizar a visão de mundo e humanizar (CÂNDIDO,1970), e a literatura indígena pode ser um instrumento para desenvolver a desconstrução de rótulos já instituídos e estabelecidos desde a colonização.


Agência de fomento:
Instituto Federal de Goiás