Moçambique é um país multicultural e este potencial corresponde a uma das riquezas do país e, simultaneamente, coloca um grande desafio à sociedade moçambicana em geral e, em especial, aos educadores. Se por um lado a diversidade implica a existência de línguas e culturas diferentes em função dos diferentes grupos étnicos que compõem o quadro social e político moçambicano, por outro lado, o país identifica-se como uma nação, a partir da agregação dessa diversidade como um todo. Esta ambiguidade de gestão da multiculturalidade no contexto multilingue moçambicano está também presente no ambiente escolar como extensão do ambiente social e político. Como é sabido, os principais intervenientes do processo de ensino-aprendizagem são o aluno e o professor e, nesta interação, o livro didático/manual escolar apresenta-se como o principal meio didático. Neste sentido e tendo em conta os aspetos referidos, o poster que nos propomos expor tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre os conteúdos abordados nos manuais escolares usados para o ensino da Língua Portuguesa nas escolas moçambicanas, considerando a bordagem multicultural que é feita sobre os conteúdos, ou seja, identificar os aspetos culturais presentes nos manuais, verificar até que ponto esses aspetos são explorados tendo em conta a diversidade característica do país e se espelham a realidade cultural moçambicana. Assim, com base num estudo de natureza documental, analisámos três manuais (8ª, 9ª e 10ª classes), aprovados pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e usados em todas as escolas moçambicanas do 1º Ciclo do Ensino Secundário Geral, tendo em conta os conteúdos propostos em cada uma das unidades de ensinos. A nossa fundamentação teórica cinge-se em autores como Hall, Sacristán, Candau e Dias.