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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A Babel Macuxi: os movimentos migratórios para o Norte segundo (a migrante) Nenę Macaggi

Autores:
Mirella Miranda de Brito Silva (UFRR - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA)

Resumo:

Maria Macaggi, nascida em 24 de abril de 1913, em Paranaguá, no Paraná, entrou para a história e imaginário do estado de Roraima como Nenê Macaggi. Enviada ao Norte no ano de 1940 pelo então presidente Getúlio Vargas, sua empresa inicial era a realização de um trabalho jornalístico, a exemplo do que já fizera em Pernambuco e em outras localidades acerca dos governos “biônicos”. Na Amazônia, ela deveria empreender uma descrição da situação dos recém-criados territórios da região, intento de caráter evidentemente propagandístico de que o governo de Vargas foi pródigo. Nenê fixou-se, num primeiro momento, na capital do Amazonas, mudando-se, no ano seguinte, em 1941, para o Território Federal do Rio Branco, hoje estado de Roraima, onde deu continuidade ao seu trabalho jornalístico e literário. Macaggi elabora parte fundamental de sua obra em Roraima e sobre Roraima, sua história e seu povo. Sua obra não chegou a ser objeto de estudos críticos até a última década, com a elaboração de artigos e de ao menos uma tese pelas mãos de professores pesquisadores das universidades locais. Nossa comunicação focalizará, na obra de Macaggi, a representação do modelo desenvolvimentista veiculado pela chamada “marcha para o oeste”, como era conhecido o projeto getulista de desenvolvimento do interior do Brasil. Entre as várias narrativas e discursos que resgatam a “Marcha para o oeste” na obra de Macaggi, privilegiaremos o rastreamento e a análise da representação literária dos movimentos migratórios do século passado em direção à Amazônia.  Atentaremos ainda para as tensões presentes na obra no que tange à representação da “marcha”,  uma vez que a obra de Macaggi, inteiramente realizada nas décadas de 70 e 80 do século passado, ora adere, ora repudia os modelos de desenvolvimento da Amazônia, quase sempre predatórios e descaracterizadores, preconizados por Vargas e retomados, posteriormente, pelo Regime Militar.