Essa proposta de trabalho aborda a literatura de cordel no processo de formação do leitor literário, tendo em vista a adaptação da obra clássica “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, feita por Sebastião Marinho. Diante da instrumentalização da leitura literária, muitas vezes colocada como mero instrumento didático no processo de escolarização e trabalhada, de forma fragmentada, como pretexto para o ensino da gramática normativa ou de normas de boa conduta, pretende-se romper com essa prática e colocar a literatura na centralidade da formação efetiva do leitor literário, a partir da leitura do clássico – uma obra de Shakespeare - em diálogo com o popular – o cordel. Para isso, apresenta como pressupostos teóricos Bakhtin, Cândido, Calvino, Zilberman, e PCNs (1997). A partir da pergunta “Como os alunos de 6º ano de uma escola pública municipal estabelecem a relação entre a leitura de um clássico e a releitura dessa obra no formato de cordel?” e “Até que ponto esse cordel instiga à leitura literária do clássico e vice-versa?”, pretende-se mostrar a importância da literatura de cordel como um gênero textual que dialoga com vários outros gêneros literários e discursivos e também traz elementos da cultura popular para a sala de aula e permite uma discussão sobre a variedade e riqueza de cultura brasileira tanto no aspecto literário quanto no linguístico. Os resultados em curso apontam para uma via de mão dupla no estímulo à leitura do clássico, a partir do popular e o inverso também, o que leva à possibilidade de uma formação do leitor de forma crítica e prazerosa, tendo em vista a valorização da estética literária e uma escolarização adequada, que contemplem as práticas de leitura literária ocorridas no contexto escolar e social.

Palavras-Chave: Ensino. Clássico. Cordel. Leitura Literária. Sala de aula.