“Vê como a água sussurra” na Belle Époque brasileira: ressonâncias penumbristas nos primeiros escritos de Carlos Drummond de Andrade | Autores: Ana Carolina Botelho dos Santos (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Inspirados por um mal-estar decadentista fin-de-siècle que rendeu à elite francesa uma visão pessimista voltada contra o Positivismo, escritores brasileiros como Ronald de Carvalho e Ribeiro Couto idealizaram um movimento de penumbra, cujas produções se inserem nas duas primeiras décadas do século XX, em que sobressaem o meio-tom, a melancolia, o culto ao esteticismo e a fuga da realidade. Grande leitor que era, o jovem Carlos Drummond de Andrade não só beberá, nesse período, da fonte do Decadentismo francês, sobretudo por meio do escritor Anatole France, como também será influenciado por essa corrente penumbrista brasileira. Nesse contexto, tomando como principais referências teóricas o livro de ensaios Do Penumbrismo ao Modernismo (1983), de Norma Goldstein, a obra Decadismo e simbolismo no Brasil: crítica e poética (1980), seleção e apresentação de Cassiana Lacerda Carollo, e Caminhos do decadentismo francês (1989), organização de Fulvia M. L. Moretto, a comunicação visa discutir a interseção entre o Penumbrismo brasileiro e os primeiros poemas de Drummond, datilografados em 1924 e reunidos na obra Os 25 poemas da triste alegria, a partir, sobretudo, de uma breve análise dessa corrente literária e de poemas selecionados da obra do jovem poeta mineiro, buscando evidenciar algumas das ressonâncias penumbristas notadas até então: um tom cético, passadista e de extrema valorização estética, completamente alheio a qualquer envolvimento com a realidade efervescente de seu país. Esse tema diz respeito a uma parte da pesquisa que venho realizando, desde o primeiro semestre de 2018, no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Flávia Vieira da Silva do Amparo.
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