As Relações retóricas Fundo ou Background no gênero crônica: questões dialógicas e funcionais | Autores: Emanuel da Silva Fontel (UFPA - Universidade Federal do Pará) |
Resumo: Sob a ótica bakhtiniana, um dos pressupostos mais basilares é o de que o gênero discursivo se define, entre outros modos, como as formas típicas relativamente estáveis que apresentam um conteúdo temático, um estilo e uma estrutura composicional. Quanto a esse último aspecto, Bakhtin (2011, p. 286) afirma que “o gênero escolhido nos sugere os tipos e os vínculos composicionais”. Dessa forma, pode-se compreender que o gênero discursivo regula, em parte, as possibilidades de composição dos textos como formas singulares utilizadas por cada falante para se expressar e interagir. O objetivo deste trabalho é demonstrar como as relações retóricas Fundo ou Background manifestam-se, de forma característica, no gênero discursivo crônica como apelo da estrutura composicional do próprio gênero e como recurso que marca a expressão individual de cada falante com base nos recursos que ele, de forma particular, mobiliza em um texto. A metodologia empregada baseia-se na discussão, ilustrada por um corpus heterogêneo de crônicas brasileiras, das noções de conteúdo temático e de estrutura composicional propostas por Bakhtin (2011), além da análise e descrição da incidência das relações de Fundo ou Background, nos termos da Teoria da Estrutura Retórica. Essa teoria funcionalista descreve a coerência no texto e na gramática, considerando que das partes de um texto emergem relações implícitas, denominadas de relações retóricas, que perpassam todos os níveis de organização textual e revelam esquemas prototípicos (MANN e THOMPSON, 1988; MATHIESSEN e THOMPSON, 1988; TABOADA, 2009). Trata-se, portanto, de um trabalho em uma interface produtiva e interessante entre a perspectiva dialógica bakhtiniana e os estudos do Funcionalismo linguístico. Os resultados demonstram que as relações retóricas Fundo ou Background desempenham importantes papeis na expressão dos propósitos discursivos do cronista referentemente à estruturação dos mundos discursivos (BRONCKART, 2008), que, em parte, revelam uma estrutura composicional bastante característica da crônica brasileira.
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