PERGUNTAS DE CRIANÇAS: RELAÇÕES DISCURSIVAS E AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL | Autores: Adriana Santos da Mata (COLUNI/UFF - COLÉGIO UNIVERSITÁRIO GERALDO REIS/UFF) |
Resumo: Buscamos compreender processos enunciativos de crianças pequenas, especialmente as perguntas que elaboram no cotidiano de uma instituição pública de Educação Infantil. Com base na teoria bakhtiniana de linguagem, analisamos situações concretas nas quais a produção de enunciados – orais e escritos - favoreceu e oportunizou a explicitação e a ampliação dos saberes das crianças, em um ambiente discursivo onde todas puderam se ouvir, se conhecer, se sentir sujeitos atuantes, intercambiando vivências, impulsionando e tornando significativos os processos de desenvolvimento e aprendizagem infantis. Encontramos indícios (GINZBURG, 1989) de que as relações discursivas na busca por caminhos (fontes, herança cultural, pesquisa) levaram não apenas a explicações como fomentaram e criaram novas incertezas (GERALDI, 2010), movimentando e ampliando os conhecimentos. As crianças expressam desejos, interesses, curiosidades, por meio de perguntas instigantes, surpreendentes, que geram reflexões, troca de experiências e ampliação do conhecimento de mundo. O ato de perguntar dá origem ao conhecimento e o professor deve valorizar a linguagem das perguntas para que o educando descubra a relação dinâmica e viva entre palavra-ação-reflexão (FREIRE e FAUNDEZ, 1998). As crianças se apropriam do mundo sociocultural com modos peculiares de pensar e com linguagens sociais próprias (BAKHTIN, 2010). Em relação de alteridade com o mundo e com os outros - adultos e crianças -, vão construindo novas referências, outros modos de ser, agir e se expressar, participando intensamente das práticas sociais. Nessa participação - ativa e responsiva (BAKHTIN, 2009) -, as crianças interrogam, estranham, desnaturalizam, confrontam, subvertem, enfim, colocam em xeque ‘certezas’ e ‘verdades’ adultocêntricas. Partindo das perguntas, experiências e trocas socioculturais, o mundo se revela, se amplia e se enche de sentidos. Cabe à escola, desde a Educação Infantil, inserir as crianças em experiências sociais e culturais que provoquem novas reorientações internas no seu aprendizado de mundo e de linguagem, gerando novas formas de ser e agir.
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