Para emitir uma ordem ou um pedido na língua portuguesa, usamos não somente o modo imperativo como também outras formas comuns com o mesmo propósito. Esse trabalho busca apontar, através do nosso corpus, as escolhas verbais mais utilizadas e como elas se realizam em meios mais formais como de negócios, por exemplo, com o intuito de orientar aprendizes da língua portuguesa no Brasil.
Para o corpus, trabalhamos com e-mails de empresas solicitando orçamentos e descontos com o objetivo de definir que em situações formais utilizamos estratégias que amenizam a forma como a ordem ou pedido são colocados. Consideramos o uso do imperativo formal, do futuro do pretérito ou do presente do indicativo, formas que poderiam suavizar o pedido/ordem proferidos, assim como todo o contexto do pedido.
Para Brown e Levinson (1987), as motivações para selecionar estratégias no decorrer de um discurso ultrapassam a estrutura linguística, podendo ser atenuantes e sociais, englobando processos que minimizarão o risco da face. Para que o falante da língua portuguesa não perca a face, ou seja, não transpasse a ideia de um ser autoritário que somente delega ordens, ele precisa fazer uso de algumas estratégias que transmita uma postura polida evitando assim um desconforto no interlocutor e garantindo que a sua mensagem seja recebida efetivamente. Ao analisarmos a complexidade na formulação de pedidos e ordens através do contexto e da cultura, utilizamos como bases teóricas os atos de fala de Austin (1965) e as definições de interculturalismo de Bennet (1998), para, também, fazermos um estudo comparado da posição assumida pelas gramáticas normativas e descritivas sobre as variações de uso desse ato na língua portuguesa do Brasil e como elas são tratadas.