Em “Cena de rua”: a rua como o espaço heterotópico do/no governo das vidas.
| Autores: Roselene de Fatima Coito (UEM - Universidade Estadual de Maringá) |
Resumo: A proposta deste trabalho é discutir a questão do espaço definido como um lugar que existe, mas que é indeterminado enquanto lugar. Neste sentido, o livro-imagem escrito por Ângela Lago, “Cena de rua”, marca este lugar que existe em qualquer lugar, a rua. Contudo, este lugar, que é a rua, é um lugar marcado por uma ambiguidade discursiva que ao mesmo tempo sacraliza este espaço, quando se diz : “a rua é Pública” e se o é, pertence a todos;e, por outro lado, nesta mesma rua que a todos pertence, o espaço dessacralziado, isto é, só ficam na rua e só a ela pertencem sujeitos que são colocados à margem da sociedade (crianças que vendem coisas nos semáforos, pedintes,camelôs, a prostituição - de uma forma em geral, entre outras). Neste sentido, este espaço , mesmo que indeterminado e de atribuição ambígua, delimita quem tem o “direito de viver” e quem tem o “direito de morrer”, não nos moldes dos soberanos de outrora, mas em um projeto político que instaura, neste lugar, por mecanismos sutis de controle, a tanatopolítica. Então, o objetivo de discutir o espaço neste livro-imagem é entendê-lo enquanto um lugar heterotópico que evidencia o funcionamento do discurso no interior de nossa cultura sobre aquele que vive na e da rua. Portanto, este espaço sacralizado e dessacralizado produz um corpo individual que, no espelho do corpo social, não “deve viver”, mas que resiste ao “deixar morrer” quando, por meio de táticas, estabelece a relação de si consigo.
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