PERCEPÇÕES DA CARACTERÍSTICA BILÍNGUE DO SUJEITO SURDO NO CONTEXTO ESCOLAR
Palavras-chave: surdos, bilinguismo, educação inclusiva
A regulamentação da Língua de Sinais colaborou para compreender o sujeito surdo como um sujeito bilíngue (uso da LIBRAS para comunicação- primeira língua- e uso da Língua Portuguesa na modalidade escrita- segunda língua). Entretanto, Silva (2008) defende que entre os extremos da LIBRAS (utilizada pela comunidade surda escolarizada) e Língua Portuguesa (padrão da escola), há outras línguas que perpassam nesse continuum e que precisam ser consideradas. A falta de compreensão dos profissionais da educação sobre a potencialidade bilíngue dos surdos, abre espaço para reflexões, estudos e discussões. Nessa pesquisa observamos uma sala de aula de Língua Portuguesa dentro de uma escola regular, para entender como o aluno surdo é inserido nesse contexto. Lançamos mão da metodologia etnográfica, por nos proporcionar um detalhamento do que vem acontecendo dentro das salas de aulas, pois o cotidiano, muitas vezes, passa despercebido (ERICKSON, 1989). Destacamos as metodologias utilizadas pelos professores, as atividades realizadas pelos alunos, o planejamento entre os professores, a atuação do intéprete de Língua de Sinais, a oferta e uso dos recursos digitais em sala de aula pelos alunos surdos, dentre outros aspectos. Os resultados apontam que: a responsabilidade do ensino de Língua Portuguesa para os surdos é atribuida, na prática, ao intérprete de Língua de Sinais; o tradutor é visto como um auxílio em sala de aula que “reduz” o trabalho do professor; também percebemos o uso ínfimo de recusos tecnológicos nas aulas de Língua Portuguesa, auxílios tão necessários no ensino voltado para os surdos, que têm como base cognitiva a experiência visual. Esperamos que essa pesquisa contribua com debates sobre a condição linguística dos surdos em contextos escolares, auxilie na elaboração de currículos para esses indivíduos e gere reflexões sobre a formação de docentes.