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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A criança e a interdição: um modo de dizer

Autores:
Marlete Sandra Diedrich (UPF - Universidade de Passo Fundo) ; Carmem Luci da Costa Silva (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo:

Este trabalho tem como tema a relação entre cultura e língua materna na aquisição a partir do aspecto da interdição. A abordagem teórica que sustenta a investigação é a Teoria da Linguagem de Émile Benveniste, para quem a criança nasce na cultura, via enunciações. É nos diferentes modos de enunciação que a criança e outro se incluem no discurso e se situam nas práticas sociais. A língua assim é a emanação do eu mais profundo de cada indivíduo e ao mesmo tempo uma realidade supraindividual e coextensiva a toda coletividade.  É  a relação entre o individual e o social que permite a entrada da criança em sua língua materna, com os valores da cultura nela impressos.  Nessa experiência, ela vivencia as interdições advindas dos esquemas culturais a que tem acesso, definidos a partir de valores impressos na língua.  Há, assim, uma série de interdições acerca do que dizer, do como dizer e para quem dizer, que determinam os modos de enunciação.  Frente a isso, a questão proposta neste trabalho é a seguinte: que movimentos enunciativos e que modos de enunciação a criança realiza ao lidar com tais interdições em sua experiência de aquisição da linguagem? Serão analisados dados de Gustavo, criança acompanhada do 1º mês aos 6 anos e 11 meses de vida, cujos dados fazem parte do Banco de Dados do  grupo NALíngua, coordenado pela Dra. Alessandra Del Ré (UNESP). Os fatos analisados indicam que o caráter de interdição advém dos esquemas culturais nos quais a criança se vê inserida e se concretiza na relação enunciativa que estabelece com o outro; e que, ao lidar com a interdição, a criança realiza os movimentos: a) do geral da cultura para o particular da sua vivência social, b) do geral da língua para a particularidade de seu discurso.