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| Ethos e o futuro profissional do Direito: apresentações e representações possíveis no âmbito acadêmico | Autores: Renata Teixeira da Silva (FAPAM - Faculdade de Pará de Minas) |
Resumo: O ethos, apresentado na retórica aristotélica, conduz-nos às possíveis criações de identidade, a depender da impressão que se pretende causar no interlocutor. No nível do discurso jurídico, faz-se interessante a análise de como isso se manifesta desde a mais prematura fase de formação do futuro operador do Direito. Ligada à estereotipação, a noção de que o nível de aceitação do discurso jurídico é ditado pela forma com que se apresenta quem o profere/escreve torna-se latente desde o início do curso, quando estudantes colocam sob análise critérios como a quantidade de palavras quase ininteligíveis utilizadas por professores a quem atribuem elevado nível de conhecimento. No nível da linguagem não-verbal, isso se repete: o nível de “rebuscamento” no vestuário denota, aos olhos dos estudantes, maior ou menor sucesso profissional, que é indicativo de mais ou menos elevado prestígio acadêmico. A noção de ethos perpassada por teorias de Maingueneau (1997) e Perelman (1987) conduzem à elucidação de que a forma com que se apresenta um discurso – entendendo-se forma como características externas ao texto – conduzirá à determinada interpretação que ora se traduz por um “preconceito linguístico reverso”. Dado a função social da linguagem que também deve estar presente na comunicação jurídica, o que se teme é a sobreposição da apresentação do enunciador à qualidade do próprio texto, algo cuja reprodução se tem percebido por parte dos bacharelandos em Direito. Propõe-se, pois, lançar um olhar mais atento ao desprestígio da bagagem conteudística em detrimento de escolhas vocabulares que remontam ao arcaísmo, bem como à construção de conhecimento deficitária que pode ser ocultada por uma aparente segurança.
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