Salas espaçosas, com tetos altos e pilastras grossas, de iluminação e pinturas em tons escuros trazendo à tona um ambiente com ar de legitimidade e rigidez. Vastas fileiras  compostas por cadeiras, convidando a sociedade a assistir o desenrolar das sessões que ali tramitarão. Sejam estas de julgamento ou teatral, representarão sobre um palco central, a acusação e a defesa do criminoso; bem como, os atores gregos, encarnados em seus personagens, lamentando suas dores ao invocar o deus Dionísio; e uma bancada, composta, ora por jurados que convencidos pelos oradores, sentenciarão ou absolverão o réu; ora por um coro, que responderá pela consciência do personagem ali atuante. Assim, se passam e se passaram os institutos aqui abordados: Tribunal do Júri e as Tragédias Gregas, cujos desenrolares ensejam realidades como a morte, dor, injustiça, que assolam a vida pública. Sob uma metodologia indutiva, dialética, o objetivo deste trabalho consiste na análise comparativa dos aspectos linguísticos, de performances e estruturas entre as instituições mencionadas, ambas possuidoras de marcante papel na sociedade, vez que, através de discursos marcantes e argumentações retoricas, cominados com a disposição arte visual do ambiente em que se apresentam, levam a sociedade, que os assistem, a uma reflexão moral e social. Embasados em pesquisadores e historiadores como Roland Barthes e Vera Lucia Ferreira, que em suas obras destrincham o arranjar do Júri e das festividades e teatros gregos, respectivamente, concluiu-se que, apesar de atuarem em áreas diferentes: o primeiro na promoção da justiça e o segundo na do entretenimento e religiosidade, ambos se assemelham em suas performances místicas, simbológicas e linguistícas e em seus fins, voltados à purgação e reflexão dos conflitos sociais.