Pretende-se focalizar o fenômeno de variação semântica, discursiva e pragmática em dados da construção com predicador verbal transitivo direto  acompanhado de clítico SE (doravante, Predicador verbal_TD+SE) em textos das modalidades científica e jornalística do Português brasileiro escrito. Usos de tal construção serão analisados sob esta expectativa/hipótese: o slot do participante 1 projetado pelo predicador que se compatibiliza na construção em foco fica sempre suspenso, mas, a depender da configuração formal e de funcionalidades discursivas e pragmáticas, seu referente relaciona-se à pessoa do enunciador ou a uma não-pessoa com caráter mais ou menos genérico e/ou universalizante. Logo, as predicações com Predicador verbal_TD+SE assumem determinadas configurações formais e/ou funcionais a partir de injunções advindas da construção e do contexto em que esta se materializa via constructo/uso. Propõe-se uma análise da variação construcional dos dados da amostra centrada em tratamento estatístico de variáveis influenciadoras a qual colabore para que se consolide a proposta de inserção de generalizações sobre variação na gramática construcional do Português.Resultados preliminares apontam para as seguintes diretrizes de encaminhamento da descrição do fenômeno: (i) finalidade de impessoalização/indeterminação do discurso, com evidências de posicionamento crítico (ou não) opacificado (ou não) ou (ii) referência a participante 1 (argumento externo) diferente do enunciador. A hipótese inicial deste labor é a de que, em textos acadêmicos, as estruturas com Predicador verbal_TD+SE seriam mais acionadas com o intuito de promover o apagamento de marcas de 1ª pessoa discursiva enquanto que, em textos jornalísticos, a construção seria mais ativada com a finalidade de promover a indeterminação do participante 1 (argumento externo) distinto do emissor do texto. Importam, para este estudo, os pressupostos teóricos metodológicos das teorias sociofuncionalista, construcionista e cognitivista (BYBEE, 2003, 2010; HOPPER & TRAUGOTT, 2003; FILMORE, 1988; GOLDBERG, 1995, 2006; TRAUGOTT, 2009; MACHADO VIEIRA, 2016) que fornecerão os princípios norteadores para esta análise.