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| O Ensino da Língua Portuguesa: práticas e desafios em contextos empobrecidos | Autores: Marcília Rolim Souza de Paula (EMEF ITAPUTANGA - Escola Municipal de Ensino Fundamental Itaputanga) |
Resumo: A língua é um instrumento de comunicação, mas também de relações de poder. Bourdieu (1983) trata das relações de poder entre os interlocutores a partir da concepção da autoridade e da linguagem autorizada. Além disso, para o autor, não podemos subestimar a relevância do domínio de determinada manifestação linguística nas relações de poder entre os sujeitos. Assumimos, conforme Bagno (2002), que a língua que é ensinada na escola é apenas uma de suas manifestações possíveis e que as práticas de ensino da língua que não considerem o contexto do estudante correm o risco de ensinar apenas os aspectos normativos da gramática nas formas utilizadas pelos grupos dominantes, excluindo o aluno pobre do processo de compreensão da linguagem que já domina e faz uso. Concordamos com Arroyo (s.d.), quando afirma que os pobres foram historicamente privados do direito ao acesso pleno aos bens e serviços públicos, inclusive à educação formal e que a concepção criada pela cultura política e pedagógica sobre a pobreza é de natureza moral. Nossa pesquisa está ancorada em dois eixos: (i) definição do contexto da pobreza e a inserção da população pobre na educação pública brasileira; (ii) as variantes linguísticas e as relações de poder envolvidas no processo de ensino da língua. Realizamos uma pesquisa de campo com entrevistas semiestruturadas aplicadas a professoras de Língua Portuguesa, numa escola de periferia de Piúma/ES. Identificamos na pesquisa que as professoras entrevistadas podem não estar considerando a situação de pobreza de seus discentes ao planejarem seus trabalhos pedagógicos. Concluímos ainda que há uma clara concepção pedagógica que o uso da língua falada pelos alunos é considerada inadequada, já que atribuem mais valor às formas de manifestação linguística dos grupos sociais e econômicos dominantes.
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