1616: Uma heterotopia chamada Belém | Autores: Diogo Silva Miranda de Miranda (UFPA - Universidade Federal do Pará) |
Resumo: As cidades contemporâneas exibem paisagens urbanas singulares e complexas por meio das diferentes culturas que se distinguem e se hibridizam, processos que são ainda mais impulsionados pela presença das diferentes mídias. Essas paisagens são resultados de inúmeros tensionamentos étnicos que as tornam lugares particulares (SANTOS, 2008) e que, em seus funcionamento, permitem que as enxerguemos como etniCidades: cenários formados a partir das diversidades étnicas e dos diferentes trajetos sociais históricos, que atravessam seus moradores e visitantes e tensionam o poder na história da região (NEVES, 2015, 2018). Essa premissa possibilita olhar para a história de Belém a partir de outra ordem, um movimento que é fundamental para uma compreensão mais sensíveis dos processos culturais contemporâneos, sobretudo na Amazônia. Pensar a etniCidade significa ir além da questão racial para perceber como inúmeras cosmologias e maneiras de apreender o universo foram colocadas lado a lado com os discursos e as ideologias que dão forma as vontades de verdade (FOUCAULT, 2014) de hoje. Ela nos leva para este ambiente onde a paisagem e o lugar ganham múltiplos significados nas práticas culturais cotidianas e revelam a heterotopia de nosso tempo (FOUCAULT, 2006). Este trabalho é parte da pesquisa de doutorado intitulada “400 anos sob o olhar da periferia”, que tem por objetivo olhar para Belém como acontecimento discursivo a partir das suas singularidades étnicas neste momento histórico. E este exercício parte do seguinte questionamento: de que maneira o primeiro contato/tensionamento entre a Belém indígena e a europeia tecem os primeiros fios da teia heterotópica que observamos nos dias de hoje? Por meio da Análise do Discurso e apoiado nos estudos de Foucault observo diferentes elementos da história para entender como seus estabelecimentos corroboram para a construção do dispositivo colonial que se faz presente hoje nas cidades da Amazônia.
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