O Estágio Supervisionado é um componente curricular obrigatório e, também, um eixo central no processo de formação inicial de professores, uma vez que viabiliza práticas reflexivas acerca da identidade, dos saberes, das competências e das posturas atribuídas ao profissional docente. As atividades deste componente propiciam não somente o ensino e a aprendizagem do conhecimento científico sistematizado, mas também a potencialização de valores e competências indispensáveis para o desenvolvimento da reflexão, da autonomia e da criticidade dos futuros docentes. No Estágio Supervisionado, dentre as práticas reflexivas possíveis, a autoavaliação é uma das alternativas, por se configurar como um gênero densamente argumentativo, que demanda uma análise cuidadosa e consciente dos requisitos a serem aferidos e das representações que perpassam os discursos norteadores e apreciativos, assim como das implicações que isto pode trazer para o indivíduo em sua formação profissional. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo analisar enunciados do gênero autoavaliação produzidos para o relatório final do Estágio Supervisionado obrigatório, por formandos do curso de Letras português, em uma universidade pública no norte do Paraná. Para tanto, recorre-se aos pressupostos do letramento crítico, da formação reflexiva e ao estudo das marcas do gênero em tela a partir da perspectiva bakhtiniana. As autoavaliações realizadas pelos licenciandos, sobre as quais refletimos neste trabalho, demonstram, por meio das experiências mobilizadas e analisadas pelos alunos, a construção teórica da práxis, permitindo-lhe identificar e melhorar competências profissionais. Assim, o exercício de autoavaliar-se criticamente reforça a autonomia do futuro professor, criando um importante espaço para procedimentos que colaboram com seu processo de formação reflexivo-crítico e, consequentemente, para a construção de sua identificação profissional.