Labirintos barroco-osmanianos | Autores: Lyza Brasil Herranz (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) |
Resumo: Há uma evidente e conhecida aproximação entre a obra de Osman Lins e o Barroco através de seu romance Avalovara (1973) e de contos como "Retábulo de santa Joana Carolina", da coletânea Nove, novena (1966). O arranjo em espiral; a disposição labiríntica das narrativas; as reflexões sobre destino, tempo e criação; o uso de palíndromos e anagramas são símbolos dessa associação do escritor pernambucano ao movimento artístico-literário. É possível, no entanto, traçar novas ilações a partir dos estudos ainda incipientes da obra poética e teórica de Ana Hatherly, artista e pesquisadora portuguesa que, com sua obra A experiência do prodígio: bases teóricas e antologia de textos visuais portugueses dos séculos XVII e XVIII (1983), tornou acessível à modernidade uma tradição de poesia ignorada até aquele momento. Em Portugal, o trabalho de Ana Hatherly foi determinante para uma maior compreensão da cultura seiscentista portuguesa, principalmente numa época em que ainda pesava sobre a arte desse período dura reprovação. Sua pesquisa forçou a crítica a mudar de perspectiva e mostrou a contemporaneidade dessa poesia, reabilitando-a para um diálogo crítico – e criativo – com a poesia moderna. A leitura de sua obra e o estabelecimento de uma relação entre o barroco português e o brasileiro contribui para constatar a especificidade e a importância do estilo, além da permanência de alguns de seus traços na literatura moderna brasileira.
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