A construção de identidades heroicas: um olhar crítico a partir do sistema de transitividade | Autores: Risalva Bernardino Neves (UNB - Universidade de Brasília) |
Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar, em textos midiáticos, representações sobre dois pilotos (uma mulher e um homem) em evento semelhante, isto é, um pouso de emergência. Tais eventos ocorreram em 2009 e em 2018, nos Estados Unidos, e foram amplamente noticiados pela mídia. O fenômeno é investigado por meio das lentes da Análise de Discurso Crítica - ADC (Fairclough, 2003, 2010), aliada à Linguística Sistêmico-Funcional - LSF (Halliday, 1994; Halliday & Matthiessen, 2004; Eggins, 2002), atravessado naturalmente por questões de gênero e poder. Para a ADC, a vida social é um construto no qual atores são “constrangidos” por estruturas sociais, mas também têm a possibilidade de agir criativamente e transformá-las por meio do discurso. A LSF partilha dessa concepção dialética por estudar a linguagem em funcionamento, nas interações, dentro de um contexto de situação, inserido em uma cultura, na qual os significados são construídos e negociados. Na gramática da experiência, os processos “do dizer” têm especial importância na medida em que, projetando, trazem vozes de outros atores, as quais podem (des)legitimar discursos e (des/re)construir identidades sociais. Nesse sentido, é válido analisar nos textos selecionados que vozes são trazidas, que sentido elas negociam, que identidades elas constroem. Perrot (2005), ao ressignificar a máxima religiosa “no início era o Verbo, mas o Verbo era Deus, e Homem”, acrescentando “e Homem”, lança luz sobre diversas questões ligadas a gênero, incluindo o silêncio imposto sobre e à mulher, uma vez que, historicamente, os recursos para a produção de discursos nunca foram distribuídos de forma igual entre homens e mulheres. Os resultados preliminares apontam para construções heroicas dos atores, todavia em gradações bem diferentes quando observamos o gênero.
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