Este trabalho é parte de uma pesquisa de doutoramento centrada no tema da formação continuada do professor no contexto do campo associacional civil privado do advocacy e fundacional em inter-relação com o campo público governamental. O objeto do estudo é um programa de formação continuada de língua portuguesa idealizado e realizado nessa inter-relação entre o público e o privado – a Olimpíada de Língua Portuguesa. Neste recorte, o objetivo é descrever o discurso institucional sobre a dimensão política do Programa e as vozes sociais que o alinhavam no gênero editorial de sua revista pedagógica, denominada “Na Ponta do Lápis”. A pesquisa é de caráter qualitativo e de cunho dialógico, com base na perspectiva sócio-histórica e cultural dos Estudos Enunciativo-discursivos advindos de Bakhtin e o Círculo. Os dados foram gerados de uma base documental composta de dezenove números do periódico. O estudo centra-se na dimensão dialógico-ideológica dos autores do Programa alinhavada nos enunciados concretos no gênero editorial, por meio de um percurso dialógico. Para a consecução da análise, busca-se na temática predominante dos enunciados configurados no editorial as relações entre o discurso institucional e as vozes sociais que o constituem e a decorrência dessas relações na concepção política de formação continuada do docente. A análise evidencia a defesa do modelo do Programa como o principal motivo para o acontecimento do editorial no periódico pedagógico, destacando nesse processo o discurso da colaboração entre o público e o privado ou o consenso nacional em educação como única possibilidade de efetivação da educação pública de qualidade. Na argumentação, recorrem ao discurso metafórico e discurso polêmico aberto, bem como ao discurso autoritário, em decorrência do alto grau de tensão que envolve a questão. Ainda, mobilizam o argumento do modelo para apresentar a Olimpíada como exemplo que legitima o sucesso dessa política e modelo a ser seguido.