Copa do Mundo de Slam 2018: as poesias como reexistência | Autores: Cynthia Agra de Brito Neves (IEL / UNICAMP - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo: Os slams são poesias orais declamadas performaticamente em competições no Brasil e no mundo. E as mulheres têm tomado a cena nessas batalhas poéticas, haja vista o sucesso dos Slams das Minas em que as poetas vociferam versos que denunciam a violência contra a mulher, a homofobia, o misoginismo, o feminicídio. São mulheres negras, da periferia, que versam contra o racismo e o machismo como forma de resistência, afinal, em tempos sombrios como os que estamos vivendo atualmente, é preciso, sobretudo, resistir para existir – poesias são reexistência (SOUZA, 2011). Marielle Franco, presente! O objetivo deste trabalho é apresentar resultados parciais recolhidos na pesquisa de campo que realizei na Copa do Mundo de Slam, ocorrida em maio de 2018, em Paris, na França. Lá, entrevistei Bell Puã, recifense de 24 anos, integrante do Slam das Minas de Pernambuco, vencedora do Campeonato Brasileiro de Poesia Falada do ano passado (o Slam Br 2017) e representante do Brasil no então campeonato mundial de 2018. Na entrevista (semiestruturada, gravada em áudio e transcrita), a slammer demonstrou sua preocupação com o futuro das poesias nos slams, pois constatamos que, naquela Copa do Mundo de 2018, o aspecto formal dos poemas parecia valer mais aos jurados que a poesia-resistência. Pretende-se, portanto, trazer essa discussão para a arena deste simpósio, visando defender, por meio das letras e performances poéticas de três mulheres-slammers, que a resistência faz parte do ser da poesia, uma vez que não há poesia ingênua, há poesia-resistência (BOSI, 2000), letramento ideológico (STREET, 2014) por excelência.
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