A Semântica e a Pragmática são subáreas da Linguística que estudam o significado. Para a Semântica, o significado é definido como as propriedades de expressão de determinada língua, não abrangendo situações particulares do uso da linguagem. A Pragmática, porém, estudo o significado de maneira a compreender estas condições, reconhecendo a importância da relação comunicativa entre os falantes e os ouvintes. As implicaturas escalares, objeto de estudo desta pesquisa, são geradas a partir de um conjunto de expressões contrastivas de mesma categoria, como , sendo estas expressões relacionadas a uma escala de valores. O objetivo desta pesquisa é observar os fatores semânticos e pragmáticos envolvidos nas escalas lexicais e nas implicaturas escalares, de maneira a verificar como estas duas subáreas se complementam para a significação deste tipo de implicatura e, por meio de análise de experimentos selecionados, compreender como ocorre o processo de interpretação desta implicatura em crianças, em idade pré-escolar, e em adultos. Horn (1972/1989/1996) e Levinson (1983) estudam a relação escalar, defendendo que uma palavra de força hierárquica média ou baixa exclui as palavras antecedentes de força superior: desta forma, a palavra  é capaz de excluir a interpretação de . Para a Semântica, entretanto, não há exclusão de significado antecedente por meio desta escala hierárquica. Compreende-se, por meio de revisões bibliográficas referentes a estas duas disciplinas e de meta-análise de experimentos envolvendo as implicaturas escalares, que adultos tendem a apresentar um comportamento de significação hierárquica, como prediz as teorias pragmáticas, enquanto crianças em idade pré-escolar apresentam interpretação semântica, incluindo em sua intepretação termos de força hierárquica superiores aos enunciados. Esse resultado torna possível uma previsão de intepretação escalar nestes dois grupos e reflexões acerca dos motivos dessa diferença de intepretação.