Esta pesquisa tem como objetivo problematizar a maneira como materiais didáticos de ensino de língua materna - utilizados em uma escola pública de ensino médio de uma cidade do interior do estado de Mato Grosso do Sul - adotam as metodologias ativas, de modo a rastrear representações sobre professores, alunos e concepções de ensino e aprendizagem de línguas. Dentro da concepção educacional metodologias ativas, o foco do processo de ensino e aprendizagem é o enfrentamento das situações-problema com criticidade e a propositura de transformação da sociedade; as atividades desenvolvidas utilizam estratégias que permitem a personalização do ensino com o auxílio das tecnologias digitais. Importa mencionar que nosso olhar não é sobre o sucesso ou não dessa metodologia em questão, mas sim, sobre como as verdades são construídas de acordo com o momento histórico-social, como são construídos os mecanismos de controle para manutenção do poder, dentro do funcionamento discursivo educacional (FOUCAULT, 1999). Dessa forma, empreendemos gestos analíticos e interpretativos sobre o corpus construído por meio de materiais didáticos utilizados nas aulas de língua portuguesa. A interpretação é vista como “uma relação mais de violência em relação ao texto que de elucidação” (FOUCAULT, 1997, p. 23), uma vez que o processo de interpretação nunca está acabado, encerrado. O arcabouço teórico-metodológico desta pesquisa é a perspectiva discursivo-desconstrutivista (CORACINI, 2011), balizada pelas teorias do discurso (com base principal em Foucault), pela desconstrução derrideana, que nos permite problematizar o que parece evidente e pela psicanálise lacaniana, no que diz respeito ao sujeito descentrado, cindido, sujeito do inconsciente, da falta e do desejo. Com a problematização engendrada, esperamos tomadas de posicionamento crítico-reflexivas e interpretativas, no que diz respeito à da maneira como materiais didáticos adotam as metodologias ativas, com pretensões disruptivas, inovadoras, de modo a questionar e relativizar o que parece ser estabelecido como verdade naturalizada.