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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Aprendizagem de português em um app educacional para surdos: debatendo propostas e possibilidades de espaços translíngues

Autores:
Jéssica Vasconcelos Dorta (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas)

Resumo:

Em uma sociedade globalizada e desigual, os discursos centralizadores e, portanto, individualistas, têm contribuído para a constante invisibilização da diferença (KEATING, 2007). No campo da educação linguística, por sua vez, também prevalecem visões de cunho autoritário, que perpetuam orientações e práticas de bases monolíngues, monomodais e grafocêntricas. Perspectivas que acatem a natureza complexa e discursiva das práticas de linguagens podem contribuir para embasar propostas educativas que rompam com esses processos. Nesse contexto, o presente trabalho, situado no campo da Linguística Aplicada, apoia-se nas teorias do círculo bakhtiniano (BAKHTIN, 2015; BAKHTIN/ VOLÓCHINOV, 2017;) e na orientação translíngue (CANAGARAJAH, 2013, 2018), a fim de apresentar as principais características do Palavreando, uma proposta de aplicativo educacional móvel para surdos, cujo objetivo é auxiliar a aprendizagem de palavras em Português. Para o desenvolvimento do app, partiu-se da ideia de que a aprendizagem de palavras realizava-se como um processo discursivo, plurilíngue e multimodal de construção de sentidos. A proposta de app é fruto de uma pesquisa de mestrado, de natureza qualitativa e propositiva (ANDRÉ, 2003), realizada com um grupo de alunos surdos do Ensino Médio inseridos em um programa bilíngue de apoio escolar. O design do Palavreando foi pensado com base no perfil e nas expectativas do grupo em foco, sendo suas características definidas considerando-se as experiências dessa comunidade, bem como suas visões e ideias. Atualmente, o app é objeto de estudo de uma pesquisa doutoral em andamento, sob a orientação da Profa. Dra. Claudia Rocha  e coorientação da Profa. Dra. Ivani Silva, e encontra-se em fase de pilotagem. Ao embasar-se em epistemologias mais plurais e menos centralizadora, parte-se do pressuposto de que o Palavreando poderá possibilitar a emergência de espaços translíngues em meio a experiências multimodais (JEWITT; BEZEMER; O'HALLORAN, 2016) e colaborativas de (re/des)construção de sentidos e, portanto, de aprendizagem (BEZEMER; KRESS, 2016). 


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