A propriedade da esquematicidade e as construções modalizadoras com “real” no português brasileiro | Autores: Leila da Silva Barbosa (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora) |
Resumo: Neste trabalho, dedicamo-nos à compreensão de como construções constituídas por “real” associado a verbos se instanciam e se convencionalizam em contexto de modalização no português brasileiro. Assumimos, para tanto, a abordagem da Linguística Funcional Centrada no Uso (BYBEE, 2010; MARTELOTTA, 2011; FURTADO DA CUNHA et al., 2013; TRAUGOTT & TROUSDALE, 2013; ROSÁRIO & OLIVEIRA, 2016; BISPO & SILVA, 2016), perspectiva teórica que concebe a língua como um inventário de construções organizadas em rede de maneira hierárquica. Dessa forma, nossos objetivos são: (i) descrever os padrões dessas construções modalizadoras na língua portuguesa, a fim de identificar os três níveis de esquematicidade propostos por Traugott e Trousdale (2013) – esquema, subesquema e microconstrução – e (ii) propor uma rede construcional que relacione as construções analisadas de maneira hierárquica. Assim, propomos uma análise sincrônica das ocorrências, tomando como base dados extraídos de blogs e de redes sociais como o Youtube e o Twitter. Nossa análise se realiza a partir do equacionamento entre a análise qualitativa e o cálculo da frequência de uso (CUNHA LACERDA, 2016). Acerca dos resultados preliminares, observamos que (a) “real”, quando associado a um verbo, cumpre novo propósito comunicativo na língua que difere de seu uso como adjetivo e que (b) os usos das construções modalizadoras com “real” constituem um pareamento forma-função na língua. Ainda, observamos que o esquema, ou construção mais abstrata, tem como função a modalização epistêmica asseverativa. Em um nível mais baixo na rede, nota-se que as construções com “real” associado a verbos passam por uma expansão metonímica, desenvolvendo, a partir de um sentido mais concreto relacionado à realidade, outro sentido mais abstrato associado à asseveração do discurso.
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