Este recorte textual faz parte de um estudo realizado na elaboração de um trabalho de conclusão de curso da Pedagogia de uma faculdade no interior do Estado de São Paulo e teve como objetivo analisar as contribuições do desenho infantil para os processos iniciais de escrita à luz das contribuições da perspectiva Histórico-Cultural. Nesse contexto, os dados coletados e analisados a partir da observação da pesquisadora em uma instituição de Educação Infantil com crianças de 02 a 05 anos de idade, indiciam que o desenho é visto como possibilidade de expressão, de criação e de imaginação, além de ser uma das primeiras formas juntamente com a aquisição e desenvolvimento da linguagem oral de ‘ser e estar no mundo’. Tendo em vista a alfabetização, o desenho também é considerado como uma produção da criança que antecede o desenvolvimento da linguagem escrita (VIGOTSKI, 1998; LURIA, 2001). Os primeiros desenhos ou rabiscos infantis podem ser vistos mais como gestos que imprimem marcas em uma superfície do que propriamente como desenhos. A criança, ao nomear o desenho depois que o fez, relaciona os traços que produziu aos objetos do mundo real, fazendo com que o seu desenho entre no universo da significação. Para Vigotski (1998) o desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a linguagem verbal. Quando observamos uma criança desenhando, desde as suas primeiras garatujas até as composições mais definidas, desde suas primeiras experiências de marcar o papel com os próprios movimentos até produções com formas bem determinadas, descobrimos uma grande evolução de suas capacidades de concentração, orientação espacial, coordenação motora e de criação. Nesse mesmo processo, o caráter simbólico do desenho vai se constituindo com base na linguagem oral que irá fornecer as bases para a construção da significação da linguagem gráfica e escrita.