Neste trabalho, investigamos o uso de recursos de polidez linguística em Língua Portuguesa, na interação verbal entre professor e alunos em uma escola militar, examinando a interferência do ambiente escolar militarizado na produção de atos de fala caracterizados pelo uso de recursos de polidez. Na perspectiva de Brown & Levinson (1987), antecedidos por Goffman (1967), Grice (1975) e Leech (1983), os interlocutores produzem atos de fala em busca de uma interação harmoniosa, utilizando estratégias de cortesia, como o uso de recursos de polidez linguística. Essa estratégia está diretamente relacionada à cultura, no caso deste trabalho, ao contexto sociocultural de uso da língua portuguesa na interação em uma escola militar. Assim, buscamos também suporte nas considerações de Bakhtin e seu Círculo (1992), que mostram o discurso constituído na situação sociocultural que o engendra. Embasados nesse eixo teórico, entendemos que as questões culturais impostas pelo contexto escolar militarizado mostram-se determinantes na utilização de recursos de polidez linguística. A partir disso, este trabalho tem como objetivo analisar a interferência do contexto sociocultural de uma escola militar gaúcha no uso de recursos de polidez, na interação verbal entre professor e alunos do ensino médio. Os dados analisados permitem afirmar que o uso da polidez linguística em Língua Portuguesa funciona como uma estratégia de adequação do discurso ao contexto sociocultural da escola militar, possibilitando o entrosamento entre os interlocutores e a situação interacional, fortalecendo o pertencimento ao grupo. Este trabalho, em suma, contribui para as reflexões sobre as potencialidades e fragilidades da interação em sala de aula, principalmente por investigar um meio escolar tão característico como o militar.