Este estudo tem como objetivo discutir aspectos do Projeto de Extensão “A organização da escrita de crianças em processos de alfabetização” desenvolvido na UERJ/FEBF (2017/2018). Expandindo estudos anteriores acerca da produção do discurso escrito de crianças em processo de alfabetização (SANTOS, 2015), e assumindo a teoria da enunciação de Bakhtin, visamos acompanhar práticas pedagógicas que ao analisarem os textos produzidos em sala de aula se concentram, preferencialmente, nas descrições da “língua-sistema” (texto-sistema de signos). Assim, sem negá-las, e a partir da compreensão da “língua-discurso” (texto-enunciado), buscamos compreender os modos como crianças em processo de alfabetização organizam e atribuem sentidos aos seus textos escritos (SOBRAL, 2009; CORRÊA, 2004) em sala de aula. O Projeto de Extensão foi realizado a partir da articulação de dois movimentos: 1) acompanhamento e análise de práticas didático-pedagógicas, voltada à produção de textos escritos em sala de aula, realizadas por quatro (04) professoras regentes dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino de Caxias (RJ), e 2) análise do conjunto de textos produzidos por estudantes das turmas desses professores, que foram acompanhados por discentes da UERJ/FEBF. Nossa ancoragem sobre “concepções de aprendizagem”, “alfabetização como processo discursivo” e “relações de ensino” tomou como referência as formulações desenvolvidas por Smolka (1987; 2003) e Goulart (2000; 2014). O paradigma indiciário de Ginzburg (2002), que busca pormenores reveladores e indícios qualificados, subsidiou nossa análise sobre aspectos do processo e organização da escrita infantil realizada em âmbito escolar (ABAURRE, 1997; PACHECO, 1997; GOULART, 2000; CÔRREA, 2006).