O conhecimento gramatical de futuros docentes: implicações para a formação de professores | Autores: Maria Cristina Vieira da Silva (CIEC-UM - Centro de Investigação em Estudos da Criança - Universidade do Minho ) ; Isabel Sebastião () |
Resumo: O ensino da gramática foi identificado como uma área desafiadora nomeadamente para os professores do Ensino Básico (Silva & Pereira, 2017). A nossa experiência como formadoras de professores, bem como diversos estudos (nomeadamente Costa,2008) têm vindo a mostrar, à entrada do Ensino Superior (E.S), as lacunas que esses estudantes, futuros professores, revelam quanto ao conhecimento científico gramatical. Assumindo o modelo proposto de Shulman (1987), adaptado por Grossman (1990), o objetivo principal deste trabalho consiste em problematizar uma dimensão do conhecimento científico gramatical desses alunos (futuros professores do 1.º e do 2.º CEB). Apresentamos e analisamos os resultados de um questionário preenchido por estudantes (n = 205) na primeira aula de uma unidade curricular do primeiro ano da Licenciatura em Educação Básica numa instituição de E.S. O diagnóstico centrou-se especificamente na identificação de classes de palavras, dado ser este, segundo as diretrizes curriculares, um conteúdo gramatical estruturante. Acresce que saber distinguir classes de palavras implica mobilizar conhecimento envolvendo várias áreas gramaticais, o que nos permitiu avaliar capacidades mais reflexivas ao invés da mera habilidade para memorizar listas de palavras. Os dados indicam que, embora a taxa de acerto se situe acima dos 50%, ainda há uma significativa quantidade de futuros professores que não revela conhecimento gramatical básico. A desconstrução dos equívocos subjacentes a estas dificuldades justifica-se pela necessidade de tornar os futuros professores conscientes das suas implicações no domínio da leitura e da escrita. A capacidade de distinguir os contextos em que o item lexical “que” funciona como conjunção ou como pronome relativo tem implicações na capacidade de distinguir uma oração substantiva completiva de uma oração relativa explicativa quer em termos prosódicos, no processamento da leitura oralizada, quer ainda da escrita, nomeadamente, nos contextos linguísticos adequados às distintas tipologias/géneros textuais que exigem, por sua vez, níveis superiores de domínio da língua.
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