O texto poético distingue-se dos outros textos literários pela sua distinta enunciação verbal, conjugando na eficácia do texto procedimentos temáticos e formais que lhe são próprios. A relação entre a poesia e os cenários comunicativos em que se afirmou desde sempre deriva de uma tradição ocidental que faz depender o discurso lírico do canto e da oralidade. Partindo da poética aristotélica e das suas considerações sobre o discurso lírico, da distinção entre modos e géneros e o conceito de arquitexto desenvolvido por Gérard Genette, e os estudos de teoria da literatura de Carlos Reis e Vítor M. de Aguiar e Silva, pretende-se perceber o peso da representação e da declamação potenciada pelo texto poético, o investimento do sujeito que diz o texto e a sua relação com a leitura e a aprendizagem do texto lírico.

O trabalho parte de um conjunto de informações e de situações relacionadas com os Concursos de declamação de poesia, levados a cabo nos últimos anos no Instituto Politécnico de Macau. Ter-se-á em conta a tradição escolar da declamação, o interesse pela actividade, os textos poéticos em língua portuguesa escolhidos para apresentar, o exercício prático de declamação, os factores de sucesso e de insucesso, procurando-se encontrar pontos de encontro entre culturas e tradições de enunciação do texto poético.