Este trabalho tem como objetivo destacar a obra infantil de Plínio Marcos, tendo como corpus de análise a peça teatral Assembleia dos ratos, escrita pelo referido dramaturgo em 1989. Cabe ressaltar, em primeira instância, os principais acontecimentos culturais que, possivelmente, motivaram Plínio para a escritura de textos direcionados para crianças, já que ele destacou-se, na história do teatro brasileiro, como autor de peças para adultos, nas quais colocou em cena indivíduos marginalizados como suas personagens protagonistas. Dentre esses acontecimentos, podem ser destacados os diversos projetos criados por instituições educacionais, que, entre as décadas de 1960 e 1980, propuseram o incentivo à leitura, tais como: Fundação do Livro Escolar (1966), Centro de Estudos de Literatura Infantil e Juvenil (1973) e Programa Salas de Leituras (1984). Com isso, houve a consolidação de um público consumidor de livros infantojuvenis e, ao mesmo tempo, configurou-se o mercado teatral infantil, com nomes importantes da dramaturgia nacional: Tatiana Belinky, Maria Clara Machado e Vladimir Capella. Em relação ao teatro infantil pliniano, o aspecto formador e educacional dos acontecimentos descritos anteriormente serviu de influências para uma dramaturgia marcada pelo cunho moralizante, sobretudo na peça em questão, na qual se verifica um diálogo intertextual com as fábulas A reunião geral dos ratos e O ratinho da cidade e o ratinho do campo, de Esopo. Desse modo, o presente estudo propõe, também, investigar em Assembleia dos ratos como se dá a intertextualidade, sendo esta considerada um dos “traços mais evidentes” da Literatura infantojuvenil contemporânea, segundo Lajolo e Zilberman (2017). Assim, por meio desse processo intertextual, verificar-se-á a valorização das tradições e da cultura popular brasileiras e a crítica social presentes nessa obra de Plínio Marcos, abordando, conseguintemente, as principais características do texto teatral e da fábula.