Este artigo, de natureza qualitativa e vertente etnográfica, analisa sequências interacionais de ensino e uso de práticas letradas em um contexto minoritário (comunidade quilombola Mesquita, Goiás), tendo como eixo norteador os Estudos dos Gêneros Textuais/Discursivos e os Novos Estudos do Letramento (NEL). Como suporte para nossa análise, adotamos as contribuições de autores como Bakhtin (1997), Dolz e Schneuwly (2004), Cassany (2007), Marcuschi (2005, 2008, 2009), Kleiman (1995) Rojo (2009, 2012), Soares (2004) Street (2003, 2007, 2012), Tfouni (2006), entre outros. Os resultados da pesquisa relevam que o ensino e o uso dos gêneros textuais em sala de aula constituem uma ótima oportunidade para aproximar os estudantes dos contextos reais de comunicação, bem como uma excelente ferramenta capaz de potencializar e mobilizar diferentes habilidades, atitudes e comportamentos sociais de uso da leitura e da escrita. Ao mesmo tempo, algumas atividades realizadas pela professora colaboradora revelam um certo distanciamento entre os princípios teóricos/práticos dos estudos dos gêneros/letramentos e sua aplicação na prática, ou seja, no contexto sociocultural dos alunos. Em outras palavras, tais atividades, ao serem integradas à rotina de sala de aula, não levaram em consideração as múltiplas funções dos gêneros textuais que circulam socialmente e os diferentes sentidos atribuidos aos textos.  Em última instância, o estudo aponta para a necessidade de aproximação entre as práticas pedagógicas, desenvolvidas no contexto escolar, e as práticas sociais letradas materializadas no contexto da comunidade.