SOBRE O SISTEMA PRONOMINAL EM TERRAS LUDOVICENSES: UM OLHAR INTRAFALANTE | Autores: Cibelle Corrêa Béliche Alves (UFMA - Universidade Federal do Maranhão) |
Resumo: Estudos sobre o português brasileiro (PB), como os de Alves (2015, 2010), Scherre et al. (2015), Andrade (2015, 2010) e Dias (2010), entre outros, mostram um amplo uso dos pronomes tu, você, cê, senhor/a no português falado no Brasil. Frente a essas possibilidades de usos para referência ao interlocutor, Alves (2015) afirma que, na comunidade de fala de São Luís/MA, o sistema pronominal é composto por, no mínimo, três formas de tratamento: tu (com e sem concordância) e você. Partindo dessa perspectiva – a de contribuir com o mapeamento da segunda pessoa no PB – este trabalho, recorte de uma pesquisa maior, objetiva apresentar a configuração do atual sistema pronominal na comunidade de fala ludovicense. Com base na teoria sociolinguística de Labov (2008 [1972], 2001) e nos estudos sobre a variação intrafalante (cf. Bell 1984, 2001; Irvine, 2001), foram analisados os dados de sujeitos escolarizados, gravados em situações de interação em suas redes sociais, ou seja, observando “a pessoa em seu contexto social natural – interagindo com a família ou com seus pares” (LABOV, 2008 [1972], p. 63). Os resultados confirmam que a capital maranhense apresenta um sistema pronominal amplamente ternário, com predominância de tu sem concordância, alternando com o tu com concordância e o você, sendo a concordância com o tu uma forma restrita à situação interacional e ao grau de escolaridade do falante. A análise por indivíduo, por sua vez, foi fundamental para observar que o efeito do sexo do falante pode ser decisivo na escolha de uma ou de outra forma de tratamento. Tais observações nos ajudaram a identificar o perfil do uso social da segunda pessoa no português falado no Brasil e avançar no entendimento do sincrético “tu maranhense”.
|
|