O lugar da variação em processos de mudança construcional: o caso das proformas verbais | Autores: Vinicius Maciel de Oliveira (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro) |
Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de discutir a relação entre o fenômeno da variação linguística e o processo de mudança construcional, a partir da análise da construção “fazer + x”, que se conecta anafórica ou cataforicamente a seus referentes (“O João toca piano, mas a Maria não faz isso” / “O que vocês fizeram em Portugal nas últimas férias?”). Tal uso é uma instanciação de um esquema mais abstrato “proforma verbal + x” de valor referencial, acionado com diferentes preenchimentos de slots, que dependem, dentre outros aspectos, do valor semântico do predicado referente. A hipótese que justifica a vinculação do tratamento dos dados a uma proposta variacionista é a de que tal construção e, pelo menos, outras duas formas, se alternam para estabelecer essa função coesiva: “O João toca piano, mas a Maria não” (predicado nulo); “O João toca piano, mas a Maria não toca” (repetição). Pautando-se em ocorrências do português brasileiro falado e escrito, a pesquisa demonstra que é possível tratar fenômenos variáveis à luz de uma interface entre a Sociolinguística de natureza laboviana e a Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU) orientada para os estudos sobre construcionalização e mudança construcional, na versão de Traugott & Trousdale (2013). As análises nos levam à discussão de aspectos como (i) nomenclaturas e suas representações dentro de um quadro teórico específico (variação, alternância, competição, convivência etc.); (ii) o lugar da variação na formalização construcional em rede (micro, meso, macro, no nível esquemático); e (iii) a centralidade da variação, na arquitetura de um sistema que concebe a língua como um conjunto de construções ligadas por incontáveis links de herança, entendendo que há diversas associações, por analogia, por exemplo, nos processos de construcionalização e mudança construcional.
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