No presente estudo, iremos abordar os valores aspetuais das chamadas perífrases verbais com aver e teer de seguidos de infinitivo, numa perspetiva diacrónica, no período compreendido entre os séculos XIII e XVI. Quanto à constituição das fontes documentais do corpus, recorreremos ao Corpus Informatizado do Português Medieval do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (www.cipm.fcsh.unl.pt).
Ocupar-nos-emos, assim, de perífrases do tipo «e o bispo Bonifacio auia de cãtar a missa» (Vida dos Santos Padres de Mérida); «e quando chegou o dia que ela ouve de parir» (Libro de Buen Amor); «por que teemos d`ir pela sua estoria adeante» (Crónica General); «he tehudo de préégar a parauoa de Deus» (Livro das Aves), sem deixarmos de considerar casos especiais de perífrases construídas com aver a e teer a seguidos de infinitivo. Para o efeito, utilizaremos os contributos da Sociolinguística Histórica que, para o estudo da Mudança Linguística, nos oferece contributos muito relevantes.
A nossa investigação pretende, ainda, analisar a cronologia das perífrases, uma vez que o corpus nos revela que teer foi sempre menos utilizado que aver e, igualmente, abordar o valor de futuridade e de intenção comportado por aver de + infinitivo, bem como o valor de necessidade e de obrigação transmitido por teer de + infinitivo.