Neste trabalho, procuramos mostrar a importância da produção de conhecimento sobre a intolerância na e da linguagem para a aceitação social da diferença e a inclusão do diferente. Cabe ao estudioso do discurso produzir, para a escola, conhecimento linguístico e discursivo sobre a intolerância e sobre a construção de discursos contrários aos preconceituosos e intolerantes e à escola fazer uso dessas contribuições, repensando o ensino, em especial, de língua e de literatura, para que a mudança social e discursiva ocorra e tenha grande alcance. Quatro direções devem ser empreendidas:
a – a da discussão do preconceito e da intolerância em relação aos usos da linguagem, à variedade linguística empregada, às diferentes línguas, aos analfabetos e iletrados;
b – a do exame dos discursos intolerantes que perpassam o material de ensino de língua e de literatura, aí incluídos os dicionários e as gramáticas;
c - a do debate sobre o lugar e o papel do professor, como sujeito do saber, na construção de discursos de aceitação e inserção social e no de desqualificação e apagamento dos discursos intolerantes e preconceituosos;
d – a da determinação do papel da escola na construção dos discursos de inserção social.
Ao identificar as características narrativas e discursivas dos discursos intolerantes e mostrar que esses discursos consideram o “diferente” como aquele que rompe pactos e acordos sociais e, por isso, profana os grupos em que se inclui, a pesquisa sobre discursos intolerantes apontou também a direção a ser tomada para a construção de discursos de aceitação social: é preciso elaborar discursos com estratégias, temas e valores contrários aos intolerantes e de ódio. A escola precisa, portanto, propor os contratos narrativos de multilinguismo, de mestiçagem, de diversidade sexual, de pluralidade religiosa, entre outros, e estender as paixões benevolentes que sentimos pelos “iguais” aos diferentes.