Estratégias promocionais da colonização: entre o bestiário medieval e a feminização na cronística colonial brasileira | Autores: Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG - Universidade Federal de Goiás) |
Resumo: A representação da realidade natural da América encontra-se grandemente perpassada pelas formas do imaginário medieval. Uma das mais expressivas manifestações desse imaginário é a tradição simbólica dos chamados livros bestiários, os quais adquirem uma nova agenciação ao se transferirem para a representação da insólita zoologia mundonovista. Nesse novo contexto, as espécies bestiárias funcionaram como estratégias promocionais da colonização, ao lado de toda uma configuração de tropos que construíram um discurso de ocupação do qual não estão isentos formações ideológicas e ideários políticos. Desses tropos, a feminização da natureza e do gentio foi, sem dúvida o mais estratégico e de sérias consequências materiais e morais para o projeto da colonização. Com base nessas argumentações que expõem os objetivos, a fundamentação teórica que lastreia o estudo e a sua metodologia comparatista, este trabalho propõe examinar as relações entre imaginário, formações figurativas e colonização nos principais exemplos da cronistica colonial luso-brasileira. Resulta de forma crítico-teórica no entendimento pós-estruturalista de que o projeto colonialista da conquista e da ocupação da América possui uma agenciação retórico-discursiva tão (ou mais) tendenciosamente eficaz, no nível simbólico e figurativo, quanto o seu desempenho actancial e empírico. O trabalho conclui com a proposta do seu resultado final identificado na discussão dos meandros desse tipo de escrita cronística sobre o Brasil dos primeiros tempos coloniais.
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