Programas de extensão em educação continuada de professores de escolas básicas têm proporcionado inúmeras possibilidades de formação mais ampla no local de trabalho que tocam outros campos do saber, entre os quais os estudos do discurso e psicanálise, para dar conta dos impasses que afetam subjetivamente professores, alunos, pais e equipes gestoras em tempos de falência dos modelos educacionais da modernidade que não são mais eficazes para as formas de laços sociais da contemporaneidade. A especificidade da psicanálise está em localizar o singular do sujeito (aluno ou professor) e o singular do sujeito se distancia de nomeações que identificam os sujeitos por rótulos do tipo bagunceiro, traficante, hiperativo, encapetado, bandido, pobre, que resultam e reforçam as histórias de segregação e exclusão social. O que é visado não são as rotulações, mas o sujeito no seu modo singular de se relacionar com rótulos ou suas nomeações. O objetivo desta comunicação é apresentar a metodologia da Conversação de orientação psicanalítica freudo-lacaniana, um dispositivo clínico elaborado por Miller (2004), que apoiado pela ética do desejo e da responsabilização, permite a problematização dos sentidos cristalizados nas instituições escolares. A Conversação é uma produção coletiva que não visa ao tratamento clínico e não é dinâmica de grupo, mas que acolhe o dizer de cada um dos participantes a partir do que lhe é próprio e singular. Funciona com duração determinada com referência a um movimento lógico diante de uma questão incômoda: o instante de olhar, o tempo para compreender e o momento de concluir (LACAN, 1945). Mostrarei alguns resultados da produção significante de um grupo de professores de uma escola pública municipal na qual foram construídas “certas maneiras” (LACAN, 2007) de sair de alguns dos impasses que surgiram nas Conversações.