As formas possessivas seu e dele integram o quadro pronominal possessivo de terceira pessoa como formas variantes. No caso de seu, há a possibilidade de ocorrência na segunda pessoa, o que, conforme apontam trabalhos relativos ao tema (PERINI, 1985; SILVA, 1991; MÜLLER, 1997; GUEDES, 2015), parece propiciar o uso de dele como forma mais comum para denotar a posse de terceira pessoa frente a seu. A fim de melhor compreender essa questão e apurar quais fatores podem estar associados ao fenômeno de variação, foi aplicado um formulário de avaliação subjetiva, pautado na metodologia experimental (DERWING & ALMEIDA, 2005; TRAXLER, 2012; KENEDY, 2015), com o objetivo de recolher as impressões de falantes da língua acerca do uso das formas possessivas seu e dele em diferentes gêneros textuais. Os participantes deveriam escolher, com base em julgamento metalinguístico, qual forma achavam mais apropriada para ser utilizada nos contextos apresentados no teste. A hipótese inicial é a de que existe uma expectativa relacionada às formas de 3P que podem estar presentes em diferentes gêneros textuais, de modo que a escolha por seu ou dele seja condicionada por critérios de percepção relativos à avaliação subjetiva do falante. Tal prisma pode justificar a manutenção de seu no quadro possessivo de terceira pessoa. Os resultados iniciais mostraram que os falantes se valem de noções de adequabilidade, clareza, leveza da frase e normatividade na escolha por seu ou dele. A partir dessa apreciação piloto, é possível cogitar que questões textuais também são responsáveis pela manutenção de seu no sistema possessivo de terceira pessoa e que novos caminhos podem ser traçados para a investigação do tema.