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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Museu Nacional e o papel da memória digital

Autores:
Tania Conceição Clemente de Souza (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo:

            Com o advento do digital, instauram-se outras formas de materialidades discursivas e outras formas de ler e ver. Recentemente, um incêndio destruiu o Museu Nacional, fundado como Museu Real, em 1818 por D. João VI. Considerado o maior museu de História Natural da América Latina, não só pelo acervo de mais de 20 milhões de itens, como também pela raridade e importância científica que este acervo  representava para a história da humanidade.   

            Com viés teórico pautado na Análise de Discurso, traçamos como objetivo discutir, dentro do que seria uma política de acervos (Souza, 2016: Política de acervos e política de memória), o papel de uma memória digitalizada num movimento de uma revolução tecnológica de outra ordem: aquela armazenada em diferentes suportes digitais – fotos, papéis, filmes, cds, hds, nuvens. O que sobrou? Como (re)construir o Museu senão através de uma memória-imagem (parafraseando Robin, 2016: A memória saturada)? Uma memória digital em forma de arquivos institucionais e pessoais faz mudar as formas de relação dos sujeitos com o Museu Nacional. Agora, não mais na posição de observadores, mas como aqueles que contribuem à re-circulação do acervo original espelhado digitalmente. Tudo isso nos leva a retomar Davalon (1999: A imagem, uma arte de memória) e colocar em jogo a relação entre o registro digital e o trabalho da memória social. Vemos que entre a reprodução de um acontecimento e a função social de instituição/re-instituição do papel atribuído à memória, há toda uma distância que separa a "realidade" do "fato de significação". Faria essa distância pensar, em suma, que a memória, como fato social, comportaria uma dimensão semiótica e simbólica? Enfim, é desta relação que re-significa o curso da história do Museu Nacional que vamos falar.