Significados sociais do subjuntivo em São Paulo | Autores: Wendel Silva dos Santos (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: Em comparação a variáveis fonéticas, variáveis gramaticais têm recebido menos atenção nos estudos de percepção, mas esse quadro vem se modificando recentemente com Gaucher (2013), Levon & Buchstaller (2015) e Mendes (2016). Inspirado nessas pesquisas, este trabalho apresenta resultados de um experimento de percepção cujos estímulos contêm verbos no indicativo ou no subjuntivo – obtidos de trechos lidos por duas mulheres e dois homens paulistanos e organizados de acordo com a técnica matched-guise (Lambert et al, 1960; Campbell-Kibler, 2008). Concentra-se em contextos de subordinação adverbial com se, embora e talvez: “se tivesse/tinha um plebiscito aí pra votação, eu não iria pra votação”; “embora eu quero/queira sair da cidade, eu gosto de morar aqui”; “com o passar do tempo, talvez a gente acaba/acabe gostando mais disso”. Um dos motivadores deste estudo vem do discurso popular, amplamente difundido, em que se considera que paulistanos não usam/sabem o subjuntivo. A pergunta central do experimento é, então, se ouvintes de São Paulo avaliam o indicativo (no lugar do subjuntivo) positiva ou negativamente. Se, por um lado, deixar de empregar o subjuntivo pode ser percebido como “erro”, por outro pode estar associado a uma noção de “paulistanidade”. Os resultados das análises de regressão logística (R Core Team, 2017) dos dados de percepção sugerem que os falantes são percebidos como menos paulistanos e menos escolarizados quando ouvidos no indicativo (p < 0,001), mas não como pessoas que soam como pertencentes a uma classe mais baixa. Incluir orações subordinadas substantivas, em um futuro experimento, vai contribuir para ampliar a compreensão dos significados sociais do subjuntivo.
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