Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

Poster


O processo de escrevivência no Diário de Bitita de Carolina Maria de Jesus

Autores:
Camila Felix Alves (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

A escrevivência caroliniana se manifesta não só como um produto de seu ofício como escritora, mas como um registro poético de sua essência, de sua vivência, segundo Conceição Evaristo (2008, p.2) o sujeito autoral tem a intenção de criar “universos de discursos”, “universos de significados” de acordo com a visão de um grupo. Carolina narra a sua história de acordo com os discursos que ouviu ao longo da vida “O único lugar seguro para eu guardar os fatos era dentro da minha cabeça. Minha cabeça é um cofre. Minha mentalidade aclarou-se, muito mesmo” (JESUS, 2017, p. 116). Reinventando a sua infância no terreno da Câmara, Patrimônio, na cidade de Sacramento, o universo de Bitita, reproduzindo os discursos da mãe, madrinhas e do avô, nasce uma rede de significados para temas como racismo, sexualidade, classe social e questionamentos políticos. A esta reinvenção de sua escrevivência, Evaristo afirma ser uma característica da  diferenciação do sentido da história oficial, pois há um fazer literário utilizando a linguagem, além disso, há na obra “contradiscursos literários à estereotipia que pesa sobre as personagens negras e sobre as formas culturais africanas e afro-brasileiras no interior de grandes obras da Literatura Brasileira”(EVARISTO, 2008, p. 3). A narrativa autobiográfica, começa pelo relato da infância. No capítulo intitulado A escola a autora relata como foi o seu processo de letramento momento em que a professora a chama pelo nome completo “ - Eu gosto de ser obedecida. Está ouvindo-me, dona Carolina Maria de Jesus! Fiquei furiosa e respondi com insolência: – O meu nome é Bitit. – O teu nome é Carolina Maria de Jesus” (JESUS, p. 127),nessa ocasião a afirmação da autora como Bitita a coloca como outra personagem, diferente de quem narra a história.