O Processamento de pronomes clíticos de 2SG: primeiros achados de uma agenda de pesquisa | Autores: Thiago Laurentino de Oliveira (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) |
Resumo: Nesta investigação, analiso as formas pronominais clíticas que podem estabelecer referência à 2ª pessoa do singular (2SG) em posição de complemento verbal. O objetivo principal é observar como os falantes do Português Brasileiro (PB) percebem as formas te, lhe e o/a. Estudos diacrônicos e sincrônicos têm demonstrado que, mesmo após a inserção de você no sistema pronominal do PB, o clítico te (vinculado originalmente ao paradigma do pronome tu) se mantém como uma estratégia frequente. Sendo assim, examino, a partir da abordagem experimental, o processamento dos clíticos de 2SG dentro de um conjunto de enunciados. Para tanto, elaboro três experimentos linguísticos, cada um deles construídos com uma técnica diferente: o julgamento de aceitabilidade, a leitura automonitorada e a leitura com rastreamento ocular. Assumo como hipótese central que a alta frequência de uso do clítico te ao longo do tempo desencadeou um processo de gramaticalização desse item no PB. Desse modo, o pronome te teria se tornado um marcador flexional de 2SG. Em termos cognitivos, uma evidência desse processo de mudança seria a alta eficácia da forma te para acessar a informação de 2SG, exigindo um baixo custo de processamento. Para embasar esta discussão, recorro aos postulados teóricos da gramaticalização por um viés funcional (HOPPER, 1991; HOPPER; TRAUGOTT, 2003; HEINE; KUTEVA, 2007; BYBEE, 2016[2010]). Os primeiros resultados obtidos através dos experimentos dão suporte à hipótese mencionada e mostram que a abordagem experimental constitui um método profícuo para analisar a representação da 2SG no PB, fornecendo uma compreensão mais ampla do tema ao viabilizar a correlação entre dados de uso e de percepção.
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