Este trabalho apresenta reflexões sobre as atividades realizadas no Estágio Supervisionado em Língua e Literaturas de Língua Portuguesa I e II de uma universidade pública. Essas atividades buscam aproximar a relação teoria e prática, uma vez muitos acadêmicos questionam como se dá a operacionalização dos saberes acadêmicos nas aulas de língua portuguesa na Educação Básica bem como as orientações postas pelos documentos parametrizadores, que abarcam um grande número de teorias e orientam que a prática do professor deva ser sociossituada. Tais orientações nos levam a refletir sobre o papel do professor de Letras na difusão das contribuições das teorias linguísticas no ensino-aprendizagem de língua materna (GONÇALVES; PETRONI, 2012; SILVA, 2012; ROJO, 2000; GERALDI, 1996). Ao se considerar esses aspectos, reuniu-se um conjunto de propostas de trabalho realizado na disciplina de estágio com o objetivo de compreender o processo de formação e seus resultados. O ponto de partida são os planos de ensino do estágio, as atividades feitas pelos discentes e o relatório de estágio. Para compreensão dessa realidade acadêmica, assume-se a perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin e o Círculo (1929, 1952-1953, 1959-1961). Os resultados da análise demonstram que: a) as metodologias de trabalho assumidas na disciplina de estágio têm contribuído com formação inicial; b) os discentes, em boa medida, têm se tornado autores de suas aulas, apresentando propostas de intervenção para o ensino-aprendizagem dos alunos da Educação Básica. Esses dados revelam que essa prática, ainda, é incipiente nos cursos de Letras, pois levar os alunos a refletirem sobre os processos de transposição didática e didatização dos saberes acadêmicos como objetos de ensino de uma forma prática é romper com certas posturas teórico-metodológicas presentes no ensino superior e assumir outras para que haja uma maior preocupação em fazer com que esses objetos tenham uma relação com vida em sociedade dos alunos.